O que faz um compressor de áudio?

Focusrite-Compressor


O compressor talvez seja o efeito periférico mais comentado e menos compreendido por aqueles que estão começando a trabalhar com áudio. Muitos acham que o compressor melhora o som, sem saber exatamente o porquê desta suposta melhoria.


A verdade é que não existe processamento capaz de melhorar o som de forma genérica e universal. Usando uma analogia, é como dizer que “o medicamento melhora a saúde”. Sabemos que não existe um medicamento capaz de melhorar a saúde de qualquer pessoa indiscriminadamente. O remédio que pode ser a cura para um paciente pode ser a morte para outro. Esse mesmo critério pode ser aplicado ao uso do compressor.


Antes de tudo, devemos entender que o compressor nada mais é que um controle automático de volume (intensidade, amplitude, pressão sonora), ou seja, ele atua diminuindo o volume das partes mais fortes da faixa de áudio, deixando o som com intensidade mais constante.


Para efeito de ilustração, podemos imaginar o exemplo de um técnico operando uma mesa de som ligada ao microfone de um cantor. Sempre que o cantor “grita”, o técnico abaixa o volume na mesa, quando o cantor diminui a voz, o técnico retorna o volume ao nível inicial. Nesse caso, o técnico de som estaria fazendo exatamente o papel de um compressor.


Então, como saber se é hora de usar o compressor ou não? Pois bem, basta saber se queremos diminuir a faixa dinâmica (variação de volume) do áudio gravado.


A figura abaixo revela visualmente o efeito do compressor em um sinal de áudio:

audio comprimido

Na primeira onda representada na figura, temos o sinal original cheio de variações de amplitude, ou seja, com grande variação dinâmica. Após o uso do compressor, percebemos que a onda foi “achatada”, tendo sua variação dinâmica bem reduzida. (Este exemplo é real. Eu realmente apliquei o compressor na primeira onda e obtive o resultado que vocês viram na segunda. Não é um desenho meramente ilustrativo.)


Numa mixagem, o compressor quase sempre facilita o trabalho, pois o volume do instrumento fica mais constante durante toda a música, evitando “sumir” em alguns trechos e “aparecer demais” em outros. Mas não basta simplesmente aplicar o compressor e pronto. Primeiro devemos achar os ajustes mais adequados dos parâmetros de compressão para não causar prejuízo ou efeitos indesejáveis no áudio.


Os principais parâmetros de compressão são: attack, release, threshold e ratio. (Falarei mais sobre eles num próximo artigo, pois o meu foco aqui é explicar a funcionalidade do compressor)


Por tornar o volume da faixa de áudio mais contante, temos a sensação de que o som comprimido está mais presente, mais “agressivo” (com mais punch, como dizem). Isso pode ser bom ou ruim, dependendo da aplicação: no Rock o uso do compressor é bem mais frequente que no Jazz e na Música de Concerto. Isso acontece porque a proposta do Rock é de sonoridade pesada e agressiva, já no Jazz e na “Música Clássica”, a proposta é de sutileza e detalhe.


Porém, temos que ter muito cuidado para não comprimir demais ou deixar os parâmetros de compressão (attack, release, threshold, ratio) mal ajustados. Desta maneira teremos um som pior do que estava antes da compressão. O ajuste do compressor varia muito de acordo com a natureza do áudio gravado, pois alguns instrumentos aceitam mais compressão que outros. Sendo assim, não dá para criar um ajuste padrão para todos os casos.

CAUTION_COMPRESSED_AUDIO

CUIDADO:  ar áudio comprimido


Outros resultados, além dos já mencionados, podem ser obtidos com o uso do compressor, tais como: dar maior volume final nas faixas masterizadas (última etapa da produção musical) e aumentar a sustentação (sustain) de alguns instrumentos.


Se você possuir um compressor externo (hardware, não plugin) ele será de grande utilidade para evitar clipar (saturar, distorcer) a entrada da sua interface de áudio. Desta maneira é possível gravar um sinal de áudio com maior amplitude sem se preocupar tanto com os picos que acabariam distorcendo a gravação, pois o compressor vai atuar diminuindo o volume sempre que ele passar de certo ponto, mantendo o nível de sinal mais estável.


Porém, para fazer uso desse recurso, você também deve possuir um pré-amplificador ou uma mesa de som para conectar ao compressor. (Caso haja interesse, posso explicar melhor essa ligação num próximo artigo)


Compresor externo
Compressor externo


O termo compressão, algumas vezes gera confusão. Isso acontece porque o mesmo termo também é aplicado para definir o processo de compactação de arquivos (que nada tem a ver com compressão de áudio). É o caso dos formatos ZIP e RAR, que servem para deixar os arquivos com menor tamanho (menos bytes) e, consequentemente, ocupar menos espaço no disco rígido (HD) do computador.


No caso do áudio, existem outras formas de compactação. É o caso dos formatos MP3 e WMA, tão populares na música veiculada pela internet.


Sendo assim, para evitar essa confusão, recomendo que se use o termo compactação para definir a redução de tamanho (redução de bytes) dos arquivos, seja em formato ZIP/RAR ou MP3/WMA, e o termo compressão para definir o processo de redução da faixa dinâmica (redução da variação de volume) do áudio.


Para uma melhor compreensão do assunto, recomendo que assista o vídeo abaixo. Nele eu exemplifico a atuação do compressor de áudio em algumas aplicações.


Qualquer dúvida ou observação é só deixar um comentário! Responderei sempre que possível. Grande abraço!

Ludwig Calixto

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