Este é um questionamento muito comum. Afinal de contas, o que é melhor: ouvir com fones ou monitores? A verdade é que não existe o melhor método, e sim o mais adequado para cada aplicação. Cada equipamento tem a sua utilidade no momento certo, como veremos no decorrer deste artigo.
NA GRAVAÇÃO
Na etapa da gravação, os fones são indispensáveis para os músicos gravarem instrumentos acústicos ou voz (com microfone). Se forem usados monitores, os microfones provavelmente captarão o som vindo das caixas, causando vazamentos indesejáveis no áudio gravado.
No caso de instrumentos elétricos (gravados através de cabos, ou seja, sem microfone), os monitores podem ser usados sem o menor problema. Porém, pode ser que o músico se sinta mais à vontade gravando com fones do que ouvindo pelos monitores, sendo uma questão de escolha o uso de um ou outro.
David Gilmour (Pink Floyd) gravando voz com fones.
NA EDIÇÃO
Na hora da edição o fone de ouvido cai muito bem, pois com ele podemos ouvir detalhes que seriam imperceptíveis nos monitores, tais como: emendas mal feitas, clicks, ambiências, e ruídos de baixa amplitude. Por outro lado, é mais cansativo ouvir pelos fones que ouvir pelos monitores. Por isso, a maior parte da edição é feita com os monitores, mas sempre dando uma conferida nos fones vez ou outra.
NA MIXAGEM E MASTERIZAÇÃO
Durante a mixagem e masterização, é importante ter uma referência auditiva fiel, isto é, que reproduza fielmente o áudio gravado. Mas o fato é que, no caso de um home studio, nem sempre é possível de ter um “super-monitor” devido ao orçamento, e um bom fone, por ser geralmente mais barato, pode proporcionar uma monitoração mais confiável.
A INFLUÊNCIA DA ACÚSTICA DA SALA
Existe também o problema da acústica da sala. O som dos monitores chegam aos nossos ouvidos recebendo influência acústica do ambiente. Se a sala não é acusticamente boa, o som que é ouvido, mesmo sendo reproduzido por ótimos monitores, não é muito fiel devido a má influência do ambiente (principalmente nos graves). Nesse caso, os fones, por não receberem interferência da sala, são uma boa alternativa.
A imagem estéreo (pan) também é melhor percebida nos fones que nos monitores. A explicação é que na audição através de monitores, nossos dois ouvidos ouvem os dois canais (L e R) simultaneamente, embora o ouvido esquerdo esteja mais próximo do canal L e o ouvido direito esteja mais perto do canal R. Na verdade, o som é espalhado por toda a sala devido as reflexões e acabamos ouvindo um pouco da “soma” dos dois canais (L + R). Nos fones isso não acontece, pois o canal L está diretamente no ouvido esquerdo e o R diretamente no ouvido direito, sem nenhuma comunicação.
Posicionamento correto dos monitores de áudio.
RESUMINDO
Em suma, o principal instrumento de referência sonora (além dos ouvidos, é claro!) deve ser o par de monitores, pois além de nos dar mais conforto auditivo num trabalho prolongado, ele se aproxima mais da realidade dos ouvintes (embora a audição por fones nos aparelhos celulares esteja cada vez mais comum). O fone deve ser usado principalmente para conferir nuances e detalhes que podem passar despercebidos nos monitores (pan, reverbs, ruídos, etc.), como alternativa para problemas de monitoração (acústica deficiente e monitores de pouca qualidade) ou para evitar vazamentos durante a gravação com microfones.
ALÉM DOS FONES OU MONITORES
Apesar de tudo, não é preciso limitar sua audição apenas a esses dois equipamentos. É muito comum que técnicos experientes testem suas mixagens no carro, no celular, ou em outros players domésticos para obter uma referência mais próxima da realidade do ouvinte final. De preferência em equipamentos onde já se esteja familiarizado com a resposta sonora. Quanto mais se conhece o equipamento (no presente caso: fones, monitores e demais players), mas fácil é alcançar o resultado esperado.
Ludwig Calixto